quarta-feira, 23 de março de 2011

Amor: Eros, Ágape e Philia

Vimos que filosofia é o amor à sabedoria. O que há de mais discutido no mundo do que o amor? Está presente nos romances, nas novelas, naquela paquera da escola, na história de vida dos seus pais, na religião, nas amizades e nas letrinhas das músicas bregas, que tocam todo dia nas rádios e nos mp3 e que fazem o maior sucesso nos corações bregas do país. Enfim, do amor ninguém escapa. Mas você já parou para analisar que tipo de amor você sente por quem lhe rodeia? Alias, existem tipos de amores? Se existem, quais são? Pois bem, vamos lá.
EROS
Esse nome vem emprestado do deus grego do amor. É o amor que se expõe como falta. O que me falta, busco em outro. É o desejo físico de possuir o outro e conseguir satisfação. É geralmente carregado de paixão. Paixão é uma palavra que deriva de um termo grego, Pathos, que quer dizer, no fim das contas, sofrimento. Por isso dizemos que “amar é estar doente dos olhos”. Digamos que é o amor baseado nas glândulas.



PHILIA
É o amor de amizade, sentimento de achegamento por se ter algo em comum. Capacidade de manter uma relação recíproca. Amigos, irmãos. É o amor baseado nas emoções.



ÁGAPE
Termo amplamente usado pela cristandade, representa o amor de caridade. É o amor que dá sem precisar receber. No ágape não se ama por que se é alegre, se é alegre por que se ama.É o amor, ao contrário do Eros, que sobra, que transborda. É um amor desinteressado. É o amor baseado na fé.


O que significa a palavra Filosofia? (5ª série)

Amor à sabedoria

Do gr. philos (φίλος) - Amor + sophia (σοφία) – Sabedoria.

Desta maneira, filósofo é aquele que “ama” a sabedoria (ou pelo menos faz dela a essência da própria vida).

Veja a palavra em diversas línguas:

Filosofia – Português e Italiano

Philosophie – Francês e Alemão

Philosophy - Inglês

فلسفة - Árabe

Filosofía - Espanhol

φιλοσοφία - Grego

פילוסופיה - Hebráico

Filosofie - Holandês

Philosophia - Latim

философия - Russo

哲學 – Chinês

哲学 - Japonês


Rembrandt - Philosopher Meditation

Platão e Aristóteles por Rafael Sanzio

O pensador contemporâneo Alain de Botton

A pensadora brasileira Márcia Tiburi

Marilena Chauí, pensadora brasileira

Nietzsche, famoso filósofo alemão

sexta-feira, 18 de março de 2011

Analisando um conceito de filosofia

Nossa última aula buscou dar um pequeno “passo atrás” para discutirmos o conceito de filosofia. Ainda que eu sempre afirme que definir filosofia é, de alguma maneira, trair suas intenções, analisamos o que na minha concepção é uma definição honesta de filosofia. André Comte-Sponville (foto ao lado), um dos pensadores de nossa época, diz:

Filosofia é uma prática teórica (mas não científica), que tem o TODO por objeto, a RAZÃO como meio e a SABEDORIA por fim. Trata-se de pensar melhor para viver melhor.

Filosofia é uma prática teórica? Mas teoria e prática não são duas faces diferentes? Eu diria que não. Existe uma ligação genética entre as duas. Sem teoria não há prática e sem prática não há teoria. Só não se pode confundir filosofia prática com a prática da filosofia. Como uma teoria pode ser prática? Usei o exemplo do pai da Psicanálise, Freud (foto abaixo). Segundo esse intelectual, existe em nós, além de nossa face consciente, um complexo psíquico completamente impalpável chamado Inconsciente. Por isso existe uma série de ações nossas que não temos poder algum sobre. Inclusive é muito comum que justifiquemos alguma ação nossa, que não entendemos o porquê, dizendo que foi realizada “inconscientemente”. O inconsciente em Freud é apenas uma teoria. Condiz com a realidade? Há quem discorde. Mas que sua teoria, desde sua criação no século 20, continua a ser utilizada no auxílio de pessoas que desejam conhecer melhor a si mesmas.

A filosofia não é ciência? Não. Qual a diferença? Simples. A ciência trabalha com exatidão, com fórmulas, com métodos reduzidos, busca respostas incessantemente sobre diversas partes da natureza. A filosofia prefere a pergunta, quanto melhor a pergunta, melhor a resposta. A filosofia prefere entender o TODO da coisa analisada e não uma parte. A filosofia levanta as perguntas que a ciência responde.

Como viver? Ao tentar responder a esta pergunta, invariavelmente já estamos fazendo filosofia. A filosofia é o que é o homem. Ao pensarmos friamente em que tempo estamos situados, como estamos psicologicamente, o que realmente fazemos diariamente na escola, o que projetamos para o futuro e como cuidamos do presente, estamos atendendo uma necessidade tipicamente humana: pensar. Mas pode-se pensar não-filosoficamente. Pensar os fundamentos de tudo o que nos cerca, é fazer filosofia. Buscar a raiz, eis a questão. Perguntei aos colegas: o que é uma raiz? As respostas mais óbvias, claro, apontaram para algo que deixa em pé as árvores. Até que alguém me apontou o verbo sustentar. A raiz, para além das árvores, tem a função de sustentar, de dar fundamento. É ai que a filosofia se movimenta. Não na “árvore” em si, mas em tudo o que sustenta nossa realidade: social, política, cultural, física, psicológica e existencial.

Uma aluna de uma das oitavas, ao ser questionada sobre os fundamentos de sua própria vida, acabou se assustando. O que fazemos diariamente no Colégio Atual? Ou melhor, o queremos no futuro estando aqui agora? Que motivações me deixam ativo todos os dias na instituição escola? A resposta? Ela disse: - Não sei.

Sua resposta foi sincera. Algumas pessoas podem achar essa colega um tanto indecisa. Mas quem não é? Mas ao invés de mascarar um futuro de plástico ou uma ilusão finita, foi honesta e disse que nada sabia sobre si mesma até aquele ponto. Usando sem dúvidas a RAZÃO, ela simplesmente assumiu que o fundamento do seu cotidiano é incerto. Saber que não se sabe de nada, já um grandioso primeiro passo. É a partir da auto-análise honesta que uma vida autêntica, ou seja, honesta para si mesmo - e consequentemente honesta para os outros - é possível. Eis ai o caminho da SABEDORIA.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Muito Além do cidadão Kane (Relatório em dupla)

Como prometido, seguem os links do Muito Além do Cidadão Kane, documentário britânico realizado por Simon Hartog e exibido em 1993. Ficou muito tempo proibido de ser exibido no Brasil.


NÃO ESQUEÇAM DO RELATÓRIO. É EM DUPLA E IMPRETERIVELMENTE PARA O DIA:

23/03/2011 para as 8ª A e 8ª B do ATUAL PIEDADE e para a 8ª C do ATUAL BOA VIAGEM I

24/03/2011 para a 8ª A e 8ª B do ATUAL BOA VIAGEM I

Se você nunca fez um relatório, clique aqui

Para além de um trabalho escolar, desejo que vocês levem a sério o que vão presenciar nesse vídeo. As figuras centrais são a Rede Globo de Televisão, bastante conhecida por vocês, e o falecido dono, Roberto Marinho. Observa-se o envolvimento com falcatruas políticas e relacionamentos daninhos até mesmo com a Ditadura Militar que tomou nosso país de 1964 até 1985. A questão proposta aqui não é abandonar um costume de uma vida inteira que levamos frente à televisão. Trata-se de examinar que tipo de poderes nos rodeiam diariamente.

Sejam críticos. Analisem com frieza.

Se desejarem baixem o torrent.

PARTE I

PARTE II


Vejam também um vídeo polêmico de 1994. Nele, Leonel Brizola, político que vocês provavelmente desconhecem ou conhecem muito pouco, conseguiu um direito de resposta contra a Rede Globo, irônicamente lido por Cid Moreira.


Se você se interessar em se aprofundar no assunto, indico o livro abaixo. Afundação Roberto Marinho de Roméro Costa Machado. O livro é uma bela análise, em forma de denuncia, sobre desmandos políticos da rede de TV que nos emociona há tantos anos.


Baixe aqui

Lembram da comparação das capas dos sites de notícias que falei na sala de aula? Se desejar consultar, acesse:

POR QUE O BRASIL É O QUE É



Análise da Música Metamorfose Ambulante


Prefiro ser
Essa metamorfose ambulante
Eu prefiro ser
Essa metamorfose ambulante

Do que ter aquela velha opinião
Formada sobre tudo
Do que ter aquela velha opinião
Formada sobre tudo

Eu quero dizer
Agora, o oposto do que eu disse antes
Eu prefiro ser
Essa metamorfose ambulante

Do que ter aquela velha opinião
Formada sobre tudo
Do que ter aquela velha opinião
Formada sobre tudo

Sobre o que é o amor
Sobre o que eu nem sei quem sou

Se hoje eu sou estrela
Amanhã já se apagou
Se hoje eu te odeio
Amanhã lhe tenho amor

Lhe tenho amor
Lhe tenho horror
Lhe faço amor
Eu sou um ator

É chato chegar
A um objetivo num instante
Eu quero viver
Nessa metamorfose ambulante

Do que ter aquela velha opinião
Formada sobre tudo
Do que ter aquela velha opinião
Formada sobre tudo

Sobre o que é o amor
Sobre o que eu nem sei quem sou

Se hoje eu sou estrela
Amanhã já se apagou
Se hoje eu te odeio
Amanhã lhe tenho amor

Lhe tenho amor
Lhe tenho horror
Lhe faço amor
Eu sou um ator

Eu vou lhe desdizer
Aquilo tudo que eu lhe disse antes
Eu prefiro ser
Essa metamorfose ambulante

Do que ter aquela velha opinião
Formada sobre tudo
Do que ter aquela velha opinião
Formada sobre tudo

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Vimos que o principal problema filosófico da filosofia é se auto-definir. Definir filosofia depende de fatores basicamente de tempo e espaço. Em que tempo ela se rebela, onde e contra o quê? Nesse sentido, a música de Raul Seixas nas faz entender um pouco o que seria uma postura filosófica e, conseqüentemente, uma postura não-filosófica. A filosofia não traz promessas de felicidade e resolução de todos os problemas. Vimos que a filosofia se preocupa com as perguntas e não com as respostas propriamente ditas. Quanto mais clara e completa uma pergunta, mais fácil de chegar à resolução. Mas, como a mudança faz parte da essência humana, sempre que uma resposta é encontrada, muda-se a pergunta. Pois bem, analisando a letra da música Metamorfose Ambulante, chegamos a seguinte conclusão:

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Extraindo essas conclusões, chegamos a seguinte definição provisória:

Filosofia é uma atitude de contestação, que admite mudança quando necessário ou quando nossas opiniões já não servem mais. Desconfia de opiniões pré-prontas, questiona valores e, consequentemente, pode abalar as bases hipócritas da sociedade.

Que tal definir o lado contrário? Façam esse exercício e postem nos comentários.

domingo, 13 de março de 2011

Grécia: construindo um império.

Além das causas do nascimento da filosofia na Grécia, vimos um documentário que nos mostrou o clima científico, político e intelectual dos anos de ouro do povo grego. Deixo aqui para consultas futuras esse belo vídeo. Aproveitem!

Causas do nascimento da filosofia na Grécia: milagre grego?


Comumente chamado por uma parcela dos historiadores de "milagre grego", o nascimento da filosofia na Grécia possui causas bem claramente determinadas e racionais. Afinal, o que é mais antifilosófico do que um milagre?

1 - Causa Geográfica e Militar - A Grécia tem mais de 14 880 km de costas marinhas e uma fronteira terrestre de apenas 1 160 km. Cerca de 80% da Grécia é território montanhoso eacidentado. A maior parte do país é seco e rochosa. Só 28% da terra é arável. A Grécia Ocidental contém lagos e zonas húmidas. O Pindo, a cadeia montanhosa central, tem uma elevação média de 2 650 m. O lendário monte Olimpo (Macedônia) é o ponto mais alto da Grécia, atingindo 2 917 m acima do nível do mar. O que explica seu longo e eficaz isolamento em termos de conflitos beligerantes. E quando necessário, o militarismo grego se fazia presente. Vimos que a marinha grega se fez indestrtível no mediterrâneo devido as frotas de Trirremes e das infantarias bem treinadas como por exemplo em Esparta.

Questão para pensar: o que o “isolamento” geografico e o êxito militar justificam em termos de nascimento de pensamento?







2 - Causa cultural – Diferente de outros povos em tempos de guerra, a Grécia, ao dominar um povo, não lhe destruía inteiramente e nem arrasava posses físicas, materiais e, principalmente, intelectuais. A dominação grega foi um fator importante para sua expansão na medida em que a Grécia domava o adversário militarmente e, após o processo beligerante, sua cultura começaria a penetrar no espírito da civilização subjugada. Desta maneira, a língua, os costumes, a economia, a navegação, o militarismo e, conseqüentemente, a filosofia, estariam sendo espraiadas por todos os lugares. A este processo chama-se helenização.




3 - Causa Política – Politicamente a Grécia inaugura a democracia, ou seja, o governo onde quem delibera é o povo. E quem era o povo na Grécia? Os cidadãos. Quem são os cidadãos? Homens, Gregos, alfabetizados e aristocratas. O que quer dizer que quem estivesse vivo na Grécia no séc. V a.C seria cidadão apenas se não fosse mulher, escravo, estrangeiro e pobre. Pode parecer um retrocesso, mas imaginemos o seguinte: enquanto outras civilizações pautavam seus governos em monarquias e absolutismos divinos, em que só um detinha o poder, a Grécia já inaugurava a descentralização do poder. Eis ai mais uma grandiosa causa que influenciaria inclusive o sistema governamental do país em que você vive.







4 - Causa Social – Socialmente a Grécia evoluiu com base no trabalho o escravo. O que isso quer dizer exatamente? Imagine que as outras civilizações ainda guerreavam, lutavam pela auto-conservação, seus habitantes estavam empenhados em arar a terra, defender muralhas, viver de subsistência e ter uma terra instável. Enquanto isso, a Grécia já possuía uma aristocracia que por não fazer “nada”, tinha tempo e espaço para pensar. Pensar a política, a organização do povo, a ética, as questões morais, pensar a própria existência, o cosmos, as causas do mundo. Enquanto os escravos faziam o trabalho pesado, o cidadão grego usufruía do “ócio produtivo”.





5 - Causa Econômica – O comércio marítimo decorrente da expansão do mundo grego facilitou o enriquecimento dos comerciantes e promoveu profundas transformações decorrentes da substituição dos valores aristocráticos pelos valores da nova classe em ascensão. A fim de facilitar os negócios, a moeda, que tinha sido inventada na Lídia, aparece na Grécia por volta do século VII a.C. A moeda torna-se necessária porque, com o comércio, os produtos que antes eram feitos sobretudo com valor de uso passam a ter valor de troca, isto é, transformam-se em mercadoria. Daí a exigência de algo que funcionasse como valor equivalente universal das mercadorias. O comércio também fazia com que os gregos recebessem influencia de povos orientais que traziam técnicas, pensamentos, costumes e religiosidades outras.




RESULTADO:



sábado, 12 de março de 2011

Livro: Teogonia de Hesíodo

Lembro que no nosso 1º dia de aula, citei uma frase de um poeta antigo chamado Hesíodo. Eu disse que a frase desse poeta seria a essência de toda a nossa disciplina durante o ano. Lembram do que ele diz?

Ótimo é aquele que de si mesmo conhece todas as coisas;
Bom o que escuta os conselhos dos homens judiciosos.
Mas o que por si não pensa,
nem acolhe a sabedoria alheia,
esse é, em verdade, uma criatura inútil.

Pois bem, me recordo também que indiquei uma de suas obras: a Teogonia. Estudando mitologia, vimos que os deuses gregos possuem uma genealogia, ou seja, é possível estudar as relações de parentesco entre eles. Logo, deixo aqui disponível a obra de Hesíodo. Vale a pena ler.



Clique aqui para baixar

Deixo um pequeno resumo da genealogia dos deuses gregos:

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Apontamentos sobre mitologia grega

Vimos que uma das condições de possibilidade das posturas filosóficas nascerem foi o pensamento e o comportamento mitológicos. Sem a mitologia, nada haveria como fator de negação para que o pensar lógico e filosófico viessem à tona. Visto isso, posto aqui alguns vídeos simples que explicam brevemente as linhas da mitologia grega e de como ela ainda anda bem perto de nós. A mitologia possuia funções bem determinadas na antiguidade. Orientava o sujeito a seguir uma vida correta, ensinava a obdiência e temor à forças maiores e explicava todos os fenômenos que o homem não tinha condições de explicar de maneira racional. Naturalmente, com o nascimento das ciências e antes de tudo da filosofia, que a maneira mitológica de explicar o mundo estava fadada a ruir. Todavia, é necessário saber que o ser humano é um animal que vive assentado em crenças. Se os deuses não são mais tão levados a sério, outras figuras são eleitas como mitos. Essa necessidade de crenças e de idolatria, fazem com que simples homens tornem-se figuras mitológicas nos dias de hoje.



sexta-feira, 11 de março de 2011

Livro: História de Heródoto

A história é um pacote de mentiras sobre eventos que nunca aconteceram contadas por pessoas que nunca estiveram lá.

Essa frase é de um poeta espanhol chamado George Santayana. Vimos que uma postura de desconfiança - em relação a tudo que nos entregam pronto - pode ser saudável. Usamos o exemplo do filme 300, produzido em Hollywood e baseado num belo quadrinho de Frank Miller. Todavia, a representação dos acontecimentos passa um pouco longe do que pode realmente ter acontecido. Por este motivo, indiquei que vocês procurassem o livro do considerado pai da história: Heródoto. Então, deixo disponível para vocês baixarem.



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De bônus, fica a coleção completa dos quadrinhos dos 300 de esparta de Frank Miller.


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