Comumente chamado por uma parcela dos historiadores de "milagre grego", o nascimento da filosofia na Grécia possui causas bem claramente determinadas e racionais. Afinal, o que é mais antifilosófico do que um milagre?
1 - Causa Geográfica e Militar - A Grécia tem mais de 14 880 km de costas marinhas e uma fronteira terrestre de apenas 1 160 km. Cerca de 80% da Grécia é território montanhoso eacidentado. A maior parte do país é seco e rochosa. Só 28% da terra é arável. A Grécia Ocidental contém lagos e zonas húmidas. O Pindo, a cadeia montanhosa central, tem uma elevação média de 2 650 m. O lendário monte Olimpo (Macedônia) é o ponto mais alto da Grécia, atingindo 2 917 m acima do nível do mar. O que explica seu longo e eficaz isolamento em termos de conflitos beligerantes. E quando necessário, o militarismo grego se fazia presente. Vimos que a marinha grega se fez indestrtível no mediterrâneo devido as frotas de Trirremes e das infantarias bem treinadas como por exemplo em Esparta.
Questão para pensar: o que o “isolamento” geografico e o êxito militar justificam em termos de nascimento de pensamento?
2 - Causa cultural – Diferente de outros povos em tempos de guerra, a Grécia, ao dominar um povo, não lhe destruía inteiramente e nem arrasava posses físicas, materiais e, principalmente, intelectuais. A dominação grega foi um fator importante para sua expansão na medida em que a Grécia domava o adversário militarmente e, após o processo beligerante, sua cultura começaria a penetrar no espírito da civilização subjugada. Desta maneira, a língua, os costumes, a economia, a navegação, o militarismo e, conseqüentemente, a filosofia, estariam sendo espraiadas por todos os lugares. A este processo chama-se helenização.
3 - Causa Política – Politicamente a Grécia inaugura a democracia, ou seja, o governo onde quem delibera é o povo. E quem era o povo na Grécia? Os cidadãos. Quem são os cidadãos? Homens, Gregos, alfabetizados e aristocratas. O que quer dizer que quem estivesse vivo na Grécia no séc. V a.C seria cidadão apenas se não fosse mulher, escravo, estrangeiro e pobre. Pode parecer um retrocesso, mas imaginemos o seguinte: enquanto outras civilizações pautavam seus governos em monarquias e absolutismos divinos, em que só um detinha o poder, a Grécia já inaugurava a descentralização do poder. Eis ai mais uma grandiosa causa que influenciaria inclusive o sistema governamental do país em que você vive.
4 - Causa Social – Socialmente a Grécia evoluiu com base no trabalho o escravo. O que isso quer dizer exatamente? Imagine que as outras civilizações ainda guerreavam, lutavam pela auto-conservação, seus habitantes estavam empenhados em arar a terra, defender muralhas, viver de subsistência e ter uma terra instável. Enquanto isso, a Grécia já possuía uma aristocracia que por não fazer “nada”, tinha tempo e espaço para pensar. Pensar a política, a organização do povo, a ética, as questões morais, pensar a própria existência, o cosmos, as causas do mundo. Enquanto os escravos faziam o trabalho pesado, o cidadão grego usufruía do “ócio produtivo”.
5 - Causa Econômica – O comércio marítimo decorrente da expansão do mundo grego facilitou o enriquecimento dos comerciantes e promoveu profundas transformações decorrentes da substituição dos valores aristocráticos pelos valores da nova classe em ascensão. A fim de facilitar os negócios, a moeda, que tinha sido inventada na Lídia, aparece na Grécia por volta do século VII a.C. A moeda torna-se necessária porque, com o comércio, os produtos que antes eram feitos sobretudo com valor de uso passam a ter valor de troca, isto é, transformam-se em mercadoria. Daí a exigência de algo que funcionasse como valor equivalente universal das mercadorias. O comércio também fazia com que os gregos recebessem influencia de povos orientais que traziam técnicas, pensamentos, costumes e religiosidades outras.
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