terça-feira, 18 de setembro de 2012

[FILOSOFIA] Heráclito de Éfeso


HERÁCLITO DE ÉFESO [535 a.C – 475 a.C]

Prof. Raphael Douglas.


Tudo passa, nada permanece. O que existe está em constante mudança. A essência do mundo é a impermanência, tudo muda o tempo todo. Essa é a fórmula filosófica de Heráclito de Éfeso, importante filósofo pré-scrático. Para ele, tudo o que existe está em permanente transformação, influência direta na teoria evolucionista. A essa incessante alteração deu o nome de DEVIR. O mundo, segundo Heráclito, é um fluxo permanente em que nada permanece idêntico a si mesmo. Isso explica por que sua mãe, ao consultar antigos álbuns de família, pode se auto-estranhar e se questionar: “MEU DEUS, EU ERA ISSO?” Tudo se transforma no seu contrário. A guerra é mãe e rainha de todas as coisas. É da luta entre os contrários, ou seja, do devir, do tornar-se, do vir-a-ser, que eles se harmonizam numa unidade. O mundo é uma constante guerra entre os opostos. Conhecemos o doce dado que sabemos o que é o salgado. A felicidade só pode existir uma vez que experimentamos a tristeza. A claridade tem sua existência garantida já que o escuro também existe. “Tudo Flui”, afirmava Heráclito. Nossa existência necessariamente obedece à etapas. Só podemos nos tornar crianças na medida em que o bebê é negado. O adolecente que seremos só poderá contrair existência quando negarmos a criança atual e assim por diante. A esse constante movimento de negação e contradição, chamamos de DIALÉTICA. É o que leva Heráclito a afirmar que “é impossível entrar duas vezes no mesmo rio”. Essa frase pode ser verdade em Recife, cujo Rio Capibaribe, extremamente poluído, pode te matar num único pulo. Mas o que Herácito quer dizer mais profundamente é que ao entrarmos num rio não nós será possível viver aquele momento novamente. Ao voltarmos, as águas já não serão as mesmas e nem nós seremos os mesmos. Afinal, a cada segundo, milhões de nossas células morrem e outras milhões nascem. Heráclito pode nos ser uma bela lição de como suportar o inevitável fim, a famosa finitude. Mesmo sabendo que tudo um dia termina, experimentar o fim e suas consequências não é lá nada tão fácil como nas fórmulas lógicas. Lógico que enquanto duram, as coisas "não acabam". Um viva à falsa sensação de eternidade! É triste, mas o sorriso da sua mãe um dia acaba, o melhor amigo um dia muda de cidade ou enjoa de ser SEU amigo, toda espera tem termo, aquela obturação feita há uma década cai, a música que te dá comprazimento estético dura em média cinco minutos, a dor - por mais aguda que seja - passa. A vontade, seja lá qual for o objeto, quando satisfeita, finda e recomeça. O Parthenon um dia vai cair assim como o eterno Império Romano caiu. A terra que sempre foi o centro do universo levou uma patada tripla com Copérnico, Kepler e – finalmente - com Galileu e uma revolução (que já passou) foi realizada. O conselho que pode ficar para nós pode ser resumido. Existir é entrar num rio cujo final é inevitavelmente uma cachoeira de 1.000 metros de altura: sem dúvida se despencará, mas se você tiver remos para manobrar nas partes mais lodosas evitarás que a caminhada acabe antes do tempo numa colisão de frente com uma pedra, um tronco ou num encontro com diversos predadores. E, sabendo remar sozinho, se conhecerão caminhos mais autênticos, mesmo que não sejam os mais cômodos e os que todos aqueles que não possuem remos seguem de maneira inadvertida e guiados por todos, por ninguém. 

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